sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Tão simplesmente complicado


Mulher é assim.
Gosta de de tanta coisa que não é vista e sentida.
Não precisa de um monte de qualidades, mas de uma que seja tão forte que valha por muitas.
Precisa de muito mais riso do que musculatura, de muito mais carinho do que testes de virilidade.
E se for para nos deixar apaixonadas para sempre, que sejam espontâneos todos os gestos, sejam reais mesmo que a realidade não dure para sempre.
O nosso coração acelera com visões bem mais complexas do que braços e pernas.
Ele dispara quando vemos um cantinho que gostamos ser pintado de novo, quando já estava descascado e fosco.
Quando vemos que os abraços não são só nossos, mas são distribuídos sem medo, à quem amamos.
O coração salta do peito com homens que acham graça de si mesmos e choram em filmes de criança.
Porque mulher é assim.
Gera, cria, alimenta, sorve a vida.
Não passa por ela.
Pelo menos, as de verdade.
Que se deliciam mais com um leve sopro no ouvido do que com mãos apressadas.
Que esperam nove longos meses para terem nos braços o que lhes completa por toda a vida.
Que amam a simplicidade.
Porque a simplicidade hoje, é coisa rara e complicada.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Amiga


O mundo era dela.
As ruas, as vagas, os lugares, as posições.
Para conquistar o que desejava,  os caminhos não importavam e as pessoas eram apenas obstáculos a serem transpostos.
A vantagem era sua aliada e chegar na frente, seu lema de vida.
Era agressiva no trânsito, traiçoeira no trabalho, egoísta no amor. Era doce e suave na aparência que escondia uma alma seca e amarga. Não por ter tido falta de muita coisa na infância, mas por ter tido muito mais do que não precisava e nada do que realmente queria.
Fez muitos ombros se encolherem, muitas cabeças baixarem, muitos olhos umedecerem. 
Fez tudo o que pôde para ser a melhor na sua triste concepção de virtude.
Conquistou muito mais do que precisava e nada do que realmente queria.
Porém, só descobriu tarde.
E tarde demais não conseguiu fazer da vida, sua amiga.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Destino


Três elevadores. A fila imensa. Eu, a única a querer ir ao subsolo. Aperto o botão de baixo, para descer. Alguns apertam o de cima, para subir. Muitos chegam, vêem ambos botões iluminados e aguardam. Chega um elevador. Alvoroço. A luz do botão de baixo apaga, sinal de que irá descer. O povo se joga para dentro, sem olhar para nada, apenas com o intuito de entrar no primeiro elevador a chegar. Entro. Quieta, quase sorrindo, me divertindo, na verdade. Começa o movimento de descida. O povo urra "ah não, está descendo!". Em um misto de culpa e divertimento, explico: o botãozinho de baixo apagou, sinal de que o elevador iria descer. Silêncio e bufadas. Saio no subsolo e sinto que sou fuzilada por vários pares de olhos nas minhas costas. Nem sempre o destino é o culpado pelas nossas burradas.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Chance


"Se os olhos da fé estivessem abertos como os olhos do corpo, veríamos numerosos anjos a nosso redor, para guardar-nos."
 Se olhássemos mais com os olhos da certeza de finitude, veríamos o quão é clara a mensagem de que estamos de passagem.
Se abríssemos mais os nossos olhos aos sentimentos perenes e os fechássemos mais à vaziez do supérfluo, não nos sentiríamos tão vazios de tudo. 
Se soubéssemos que cada tribulação nada mais é do que prova, saberíamos tirar proveito de cada lição que nos é passada.
Se soubéssemos de verdade como o tempo é curto, deveríamos refletir  mais de como tem sido a nossa vida.
E o que fizemos com a chance de estarmos vivos neste mundo.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Despedida


Meu sogro morreu.
Minha sogra foi morar com a minha cunhada.
O primeiro passo.
Suas coisas ficaram todas no antigo apartamento recheado de lembranças. Roupas a serem doadas, quartos em demasia para uma única pessoa. Eletrodomésticos que fizeram carinho em forma de bolo, agrados disfarçados de suco são destinados ao desuso.
Hora de desocupar o lar que foi de dois, que foi palco de tanta coisa que na correria dos filhos não tem, assim, tanta importância. 
Tralhas para serem distribuídas entre todos. Cada xícara comprada com gosto para ser usada com cuidado vira despojo, fardo a ser dividido.
E os olhos que já viram muito ainda precisam ver um tanto mais. Precisam ver cada bonequinha de porcelana que um dia foi colocada na prateleira com afeto, ser considerada um pedaço de vidro pronto para ser reciclado.
E ela, absorta, vulnerável, dependente, deixa sua vida inteira ser remexida, desconsiderada, diminuída.
Porque aquela "coberta de mesa" tão estimada, usada nas horas especiais da família  virou estorvo na sede insaciável de se resolver tão praticamente a vida.
Porque a vida não pode parar, mesmo quando quem a gente ama grite em silêncio que estamos indo muito rápido e que mais rápido ainda pode ser a sua partida e que ficaremos boquiabertos se perguntando o porquê de não termos sentado um pouco, escutado mais.
Porque não custa nada segurar por mais tempo as mãos de quem nos segurou por tanto tempo nos seus braços. E esses braços que hoje são mais fracos foram fortes o suficiente para apagar as nossas preocupações. Mesmo elas sendo sobre namoros bobos, faculdades que não nos serviram para nada, trabalhos temporários.
E em cada peça existe um Adeus escondido.
Que é prematuro.
Ao menos no tempo dela.
E o tempo dela, ah, não é o mesmo tempo do mundo.
E o que importa esse mundo quando se tem um mundo de coisas bonitas para alimentar a nossa alma?
Coisas que são tão singelas quanto magnânimas e que não representam números nem mesmo ganhos. Apenas acréscimos na única razão de existirmos: o amor.
O segundo passo.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Partida


Pode ser que eu viva mais todo esse tanto que já vivi da minha vida.
Mas aprendi que tudo que é o mais importante acontece em um tempo bem menor do que o tempo que  esperamos, que planejamos para o nosso curto tempo de vida.
Vim à este mundo em menos de um dia. Apesar de esperar nove meses por isso.
Meus lindos amanheceres duraram muito menos do que a espera longa das madrugadas insones.
A visão tão linda e plena das estrelas no céu foi apenas a ilusão de contemplar uma luz que já morreu.
E na brevidade do existir, serei suspiro que na surpresa da rapidez da vida se perguntará:
Tão rápido parti?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Te amo, criança



Ele veio, assim, do nada, chegando de mansinho, cabelos suados e colados no rosto de tanto pedalar a bicicleta cinza e bonita.
- Oi.
- Oi.
A bicicleta tomba de lado na grama recém molhada pela chuva de verão. O corpinho meio desengonçado, roliço, comprido nas partes erradas, rostinho de bochechas proeminentes e dentes de leite, senta ao meu lado.
- Como é o nome dele?
- É Lupin - respondo acariciando a cabeça enorme e ruiva do meu cão sem raça.
- Que lindo! Eu quero um igual de Natal.
- Tu acreditas em Papai Noel?
- Claro! Vou pedir quatro presentes.
A mãozinha ainda lembra aquela que segurava o dedo da sua mãe - suponho - ao mamar no peito, e agora se apoia no meu joelho direito. Olho com amor para a mão que necessita de afeto, mesmo um afeto desconhecido como o meu.
- Que bom! E quais são os presentes?
- Hum...deixa eu ver. Uma pista do Hot Wheels, uma bicicleta de 4 marchas e um video game.
- ... e o quarto presente? Ah, já sei, uma escrivaninha.
- ...
- Eu não tenho um irmão porque ele iria gastar todo o dinheiro do meu cofrinho com um enxoval só para ele.
- Não, acho que não, tiro uma mecha de cabelo da testa suada. Mas e o quarto presente? Ainda não sei o que é.
- Uma escrivaninha.
- Sério?
- O que é uma escrivaninha?
- (risos) deixa pra lá.
- E as férias? Começaram?
- Sim, mas repeti o ano.
- Mesmo?
- Por que? Não posso repetir o ano?
- Pode.
- Eu sei, sou muito novo para a segunda série, só tenho sete anos e odeio matemática. Eu vou lá em casa pedir pra minha mãe para ficar mais um pouco aqui na praça. Tu espera?
- Claro, vai lá.
- Eu adoro o Lupin e acho que ele gosta muito de mim.
Impossível não gostar de ti, criança. Doce, fresca, com os olhos ainda castos para as mazelas do mundo. Com a fala ainda espontânea, simples, direta. Com a mão pronta para repousar naquele que, sabes por instinto, recebe a tua leve mão com honra e orgulho. Neste breve momento te quis filho, para abrigar tamanha fragilidade nos meus braços sempre prontos para a beleza pura do mundo. Peço a Deus que ceda parte dos anjos que chamo, todos os dias, para cuidar dos que amo. Que vão à ti, criança querida, te peguem pela mão, te guardem e te mantenham igual como és, mesmo que lá no fundo, pelo resto da tua vida.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lei


E as ovelhas começaram a uivar. Um uivo diferente, convenhamos, mas um uivo. Os lobos pararam de levantar as orelhas, pois já não ouviam os balidos que entregavam a refeição para a hora do almoço. E assim, aos poucos, elas mudaram de voz. Para os vorazes e apressados elas eram lobos vestidos em pele de ovelha. Para os sensíveis, ovelhas que no desespero de viver aprenderam  a se disfarçar. E nenhum deles tinha interesse de comê-las.

domingo, 25 de novembro de 2012

Degustação


E lhe disseram que a vida era curta.
Isso ela sabia, só não sabia porque viviam lhe dizendo isso.
Alguns diziam para poder justificar os seus erros, outros por pensarem já não ter tempo de consertá-los.
E ela pensava que quanto mais pensasse que a vida era curta, mais viveria uma vida que soava falsa, porque a gente não pode sair vivendo como se fosse o último dia.
Porque é por isso que não se sabe quando será o último suspiro, para podermos viver o que se quer viver como se fosse para sempre.
E não adianta querer sair respirando todos os ares quando se escolheu respirar do jeito que nos deixa mais cheios de vida.
Porque a vida não dá múltiplas escolhas, mas nos dá o tempo, que não é borracha, mas é diploma na arte de saber que não se pode ter tudo.
Porque só quer o Tudo aquele que só crê que a vida é curta.
Coisa que ela já sabia.
Mas o que ela sabia e não contava, é que a vida de curta não tem nada e que mais vale ter degustado cada gole, do que ir para a outra etapa embriagada.

sábado, 24 de novembro de 2012

Tempo


Então, eu fiz a minha listinha pra Deus.
Um a um dos meus pedidos me foram entregues.
No momento Dele.
Não no meu.
Porque filho não cresce se não aprende a esperar e valorizar o que pede.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Colher


O que mais vejo são pessoas chorando em frente às suas colheitas, pois por terem memória curta, esquecem que tipo de sementes plantaram.

Escolha


Não posso impedir que a maldade do mundo escape dos meus olhos e dos meus ouvidos, mas não permito que ela turve o meu coração e corrompa a minha alma. Afasto os maus pensamentos, pois não quero, com a minha tristeza, abalar a minha fé na beleza da vida.

domingo, 18 de novembro de 2012

Amanhã




E estaremos todos, em um futuro não tão distante, sentadinhos, apreciando um presente onde teremos tempo de deitar a cabeça e olhar o branco leve das nuvens.
E poderemos, sem pressa, ver o farfalhar das árvores e saberemos nomear cada espécie de pássaro que pousa em seus galhos e sorriremos com o tempo que temos para vê-las montar seus ninhos e chocar seus ovinhos.
Mesmo quando nosso passado foi cheio de pressa, tarefas inacabadas, horas mal dormidas, preocupações com dinheiro, carreira, filhos, contas, férias não tiradas.
Chegaremos lá, apesar de toda a profusão de vida qua hoje nos engolfa nessa onda gigantesca de tarefas.
Mas temos que estar com a nossa consciência doce para podermos, feito mel, deixá-la escorrer por nossas lembranças e vermos que aquilo tudo valeu a pena.
Porque toda essa correria, essa fome de vida, deve ser retrato para emoldurarmos com gosto, para podermos mostrar com orgulho, para quem quer que seja, o quanto não ficamos parados esperando os dias passarem.
E teremos muito tempo para sentar, para rebobinar nossa vida em pensamentos, para pegar o sol tão saudável da manhã e dormir todas as horas de sono que dizem corretas.
Porque acabaremos lá, nesse futuro nem tão distante, com tempo para tudo, mas sem muito tempo pela frente.
E devemos rir demais de todas essas estripulias sem motivo aparente que nós humanos fazemos, em nome de muitas coisas que esquecemos o nome, depois de algum tempo.
E sacudiremos nossas cabeças brancas, condescentedentes com os nossos erros de quem pensa que tem muitas chances, quando a única que temos é viver a nossa única vida neste mundo.
E que possamos ver que cada erro foi esboço de acerto e que mesmo errando muito, nossa alma nunca foi corrompida pelos erros permanentes, daqueles que pintam de negro o nosso caráter.
Então, estaremos prontos para seguir.
Agradecendo a Deus o tempo restante que tivemos para poder encontrar o nosso significado de existir.
 
 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cartilha do Amor


Porque o amor não combina com arrependimentos.
Quando acaba, deve ser guardado com perfume, feito papel de carta, daqueles que não existem mais, mas que eram guardados com carinho em pastas de plástico.
Mesmo os que tem seus pontos finais cheios de exclamações de revolta, devem ser pensados com afeto.
Porque em algum momento houve a intenção de amar o que não se ama mais e essa lacuna, hoje vazia, foi florida e cheia de expectativas e paixão.
E nos alimentou feito mãe e nos fez crescer também, mesmo que na marra, porque mãe de verdade não mima, não tapa os defeitos, ao contrário, nos mostra inteiros para podermos, mais fortes, seguirmos em frente em uma vida que é somente nossa.
Porque o amor não combina com críticas póstumas, pois estaremos matando algo que morou no nosso coração e nos fez vivos e nunca devemos menosprezar qualquer sopro de ar que nos faz ter mais vontade de viver.
Porque cada defeito e erro que enxergamos agora foi graça, diferença e espontaneidade do passado e tudo isso que tanto queremos esquecer foi o motivo de termos a coragem de dar o próximo passo.
Porque o amor não combina com arrependimentos.
Quando acaba, deve ser guardado com perfume, feito papel de carta, daqueles que não existem mais, mas que eram guardados com carinho em pastas de plástico.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Jack Sparrow


E nesse insano mundo quisera eu ter um pouco mais de loucura tatuada na alma.
Porque me encanto com a leveza de quem transita pela vida como quem não tem nada a perder.

Aqueles que conseguem entender as injustiças como pingos de chuva inesperados que se resolvem com uma corrida ao próximo abrigo, uma bolsa protegendo a cabeça ou - por que não? - cabelos molhados que estarão secos depois de apenas alguns minutos.
Quisera eu ser um pouco mais Jack Sparrow para contornar os meus obstáculos com mais ironia, mais graça, mais aceitação de que a vida nos manda um monte de coisas fantásticas ou assustadoras e que nada nos impede de sair correndo, claro, depois de dar um sorriso.
E podemos fazer nossas desgraças menos pesadas quando nos vestimos com a leveza do bom humor.
E podemos ser mais engraçados, menos encucados com a nossa lista de responsabilidades, mais originais do que o padrão que nos forçamos seguir.
Porque Jack corre engraçado, se veste mal, fala enrolado, bebe muito, não tem vergonha de ser fraco, mas se tornou muito mais querido e popular do que qualquer herói de olhos azuis e terno engomado, prevísivel e chato.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Chave


Ando por tantos caminhos.
Teço minha vida com uma infinidade de fios, vejo amanheceres que enrubescem prédios, ora oceanos, ora copas de árvores repletas de piados.
Aperto mãos frias, mãos macias, mãos que me convidam ao sorriso, ao afastamento.
Percebo tantas almas que que se lançam para fora em olhares que me fazem sentir aconchego, tristeza, medo, desprezo.
Sinto o calor que emana de corpos que apenas se deslocam de um lado para o outro no triste trafegar de vidas vazias e que se dissipam rápido ao vento dos dias.
Sinto a paixão de tantos outros que me atraem e me buscam com promessas de asas que conhecem a direção da felicidade, da leveza, da alegria, do desapego à tudo que é desnecessário.
E nessa viagem de convivências, onde me mesclo à tantos, nesta aventura da vida, sou o resultado de muitos pensares.
Guardados feito fotos em caixa de lembranças.
Mas esta caixa é única, entatalhada por mim e somente eu guardo a chave.

sábado, 10 de novembro de 2012

Felicidade


Enquanto eu tiver um jardim para ver renascer todos os dias e puder colher os seus presentes para florir a minha vida e encher de perfume a minha casa, serei feliz. Enquanto eu puder me banhar na imensidão dos oceanos que se fazem pequenos para me encontrar como ondas, serei feliz. Enquanto eu puder ver a beleza das asas que rasgam os céus e me olham de cima sem medo, serei feliz. Enquanto eu puder imaginar as mãozinhas pequeninas dos meus netos entrelaçando seus dedinhos nos meus, serei feliz. E quando eu não conseguir enxergar o quão abençoada sou por receber tudo isso, peço a Deus que desperte novamente os meus olhos para o real sentido de existir.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Egoísmo


Porque os insensíveis enxergam as mazelas do mundo como sendo problemas alheios e saem pra brindar as próprias vitórias. Vitórias essas desvinculadas do existir compartilhado, pois a linha de chegada tem o seu nome, reluzindo em letras garrafais a sua existência individual. Serão seu própro prêmio, com suas palmas solitárias a aplaudir a si mesmos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Preço


Seja bom, mesmo que isso custe um pouco de suas lágrimas.
Mesmo que custe um pouco de sua paciência, tolerância, condescendência.
Mesmo com toda a raiva do mundo.
Com toda a pressa, a injustiça.
Porque a bondade irá abrir seu coração para a beleza que os olhos duros e sem esperança não vêem.
E com o coração aberto, você poderá finalmente conversar com Deus.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vôo


Porque o medo impede que nossos pés tão acostumados a pisar a terra, sintam-se leves ao conquistar os céus.
Mas depois de suspensos, descobertos na imensidão das probabilidades, somos apenas vôo.

Abandono


Às vezes, nos afastamos tanto que esquecemos o caminho de volta para casa.

domingo, 4 de novembro de 2012

Que Bom Que Eu Tenho a Ti


- Por que as pessoas tem medo de falar, falar dói muito mais do que sentir dor de corpo?
- (surpresa) Não filha, falar não dói, de onde tu tirastes esta idéia?
- Minha colega sente muita tristeza, que dói nos olhos e na cabeça e nos fios de cabelo, mas ela não fala, porque tem medo.
- Medo de que?
- Acho que medo de que possa doer mais do que a dor dos olhos, da cabeça e dos fios de cabelo.
- O que ela tem medo de falar, por medo de doer?
- Hum..se eu falar vai me doer?
- (risos) claro que não!
- Bom, os pais dela foram morar cada um em uma casa diferente, mesmo eles dizendo que amam ela ainda.
- ... mas eles amam ela ainda, e muito.
- Tá, eu sei, mas ela sabe que eles não falam um monte de coisas pra ela porque eles acham que se falarem, vai doer em algum lugar dela. E ela não fala um monte de coisas pra eles porque ela acha que se falar vai doer também em algum lugar deles.
- ...
- Eu acho que se ela falasse tudo aquilo que dá tristeza nela, ela iria ficar sem dor nenhuma. E também acho que ela não iria fazer os pais doerem, porque eles enxergariam a dor dela e iriam ficar felizes por poderem dar o remédio certo. Porque o remédio não é pra barriga, nem pros cabelos. Eles são tão burros!
- Não, filha, eles não são burros, eles só não sabem tudo. Bem que eles queriam ter uma caixa mágica enorme com remédio pra dor de tudo, mas pai e mãe são apenas pessoas e as pessoas são cheias de dúvidas.
- Mas mãe!
- O que? (suspiro)
- Eu prefiro te dizer que tu é chata do que ficar pensando "chata, chata, chata", porque eu fico muito cansada de pensar e, às vezes, tu nem sabe que eu te acho chata.
- (risos)
- É mais fácil eu te dizer "chata" e tu me dizer "olha o respeito" e aí, pelo menos, tu sabe que eu te achei chata e eu sei que é falta de respeito. Porque se fica na minha cabeça e eu sei que tu não sabe que tá lá, eu fico com uma sensação estranha.
 - Isso se chama culpa.
- ...e essa sensação me dá dor na barriga e nos cabelos também e é uma dor muuuuito pior do que falar, essa dor.
- Tu me promete uma coisa?
- Humm...não é ficar uma semena sem chocolate, é?
- (gargalhada) Não! Não é isso.
- Tá.
- Tu me promete sempre falar tudo que te dá tristeza, antes de te dar dos nos cabelos?
- Tu também vai fazer isso?
- A minha dor nos cabelos demora muito mais para aparecer, por isso acho que tu já vai ser bem grande quando eu precisar te falar.
- Uau! Que legal! Mas daí tu vai me falar?
- Vou.
- Prometo!
- Diz pra tua amiga falar também.
- Mesmo que ela tenho toooodo esse medo que vá doer?
- Mesmo. Porque a dor que mora dentro de nós e a gente não deixa sair pra fora, começa a comer tudo que a gente come. E fica forte e grande que nem um monstro e pode quase nos matar.
- Noooossa...que bom que eu tenho tu mãe, pra poder falar.

Sintonia


A covivência com os animais me é fácil, fluída. Assim como a conversa silenciosa com as estrelas, as flores, o mar, cada borboleta. Com as pessoas? Bom, ainda estou aprendendo. Penso que ainda tenho mais metade da minha vida para poder compreendê-las.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Eu Te Permito


Que tu tentes me arrancar sorrisos.
Pois quanto mais eles saem, mais dentro de mim os fabrico.

O Garoto que Assobia


Ela andava cansada.
Em uma semana onde chove lá fora e dentro do peito também, ela se dirige para mais um compromisso profissional.
Os olhos embassados, feito o vidro do carro, procuram os números quase invisíveis no manto denso da neblina.
Estaciona.
Senta na primeira mesa, de frente para a entrada.
A cafeteria cheira à torradas, flores e doces, e as luzes são amareladas. Faz frio.
O café é excelente, o atendimento também. Sorve o primeiro gole e parece se sentir bem. 
Está dedilhando o celular quando ele entra.
O garoto.
Ele vem assobiando alto, derretendo o frio de lá de dentro. Sem vergonha e sem receio de parecer inconviniente, como tantos de sua idade.
Estranho, engraçado, bonito isso.
O celular descansa na mesa e os olhos dela agora estão presos na boquinha que solta aquele assobio tão alegre que enche a pequena sala.
Meninos nesta idade são barulhentos, alegres, mas quando estão em turma.
O garoto avista outro garoto que está sentado perto dela.
Como não o vi?
Vai em sua direção com um sorriso aberto e senta ao seu lado. Liga o Laptop do outro, que estava desligado, e caem na risada. Começam a conversar e brincar na tela plana e colorida.
São parecidos. Irmãos? Mas irmãos riem tanto quando estão juntos?
Os olhos dela agora se dirigem à figura alta de um homem que entra na cafeteria.
Os garotos dão um pulo ao avistarem o jovem adulto que segue até eles e os envolve em abraços e beijos.
O pai.
Os três conversam e zumbem como abelhinhas em flores e as imensas mãos não se cansam de acariciar as cabeças agitadas por tantas falas.
Existem respostas prontas e entusiasmadas à cada pergunta feita.
Ela quase enxerga a cumplicidade pairando como fada, enquanto a conversa corre solta.
Ela se esquece das nuvens carregadas lá fora e das botas enlameadas. Se esquece do que veio fazer ali e do porquê de tantas noites mal dormidas.
Se esquece da polpuda conta no banco e, por um lapso, da carreira que escolheu seguir.
Ela sabe que os dois garotos tem pela frente um futuro. Todos tem.
Mas o amanhã de cada um será cheio de assobios. Mesmo em dias nublados.

Pois só assobia na chuva quem, um dia, conheceu o  amor de verdade.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Cada Um


Tantos passam e não tenho tempo de retê-los.
Mas gostaria de ter dimensões paralelas para poder sentar com cada alma e escutar  o que me diz o seu silêncio, mais do que a sucessão de palavras vazias.
Quisera eu ter a coragem de me aprofundar em vidas que me são apenas bom-dia e poder com elas alimentar a minha existência de vivências.
E eu poderia ser ponte para ajudar na travessia de rios revoltos que para mim são córregos translúcidos e calmos.
E elas poderiam ser respostas simples à problemas que considero insolúveis.
E poderíamos ser juntos o tudo que tanto falta.
Mas que é tão raro, tão difícil de alcançá-lo, transpô-lo, expugná-lo.
E nós todos somos tão a mesma coisa.
Perdidos em diversas interpretações.
Repartidos em tantas entonações.
Elos quebrados, inteiros, rachados, fortes, fracos, podres, danificados, intactos.
Apenas vivendo na ingênua crença de que sozinhos seremos corrente.



Verdade


Se eu perder, nunca perderei tudo.
Se eu chorar, me angustiar, sofrer.
Posso ainda sorrir, me alegrar, ser feliz.
Por mais que doa, tudo tem cura.
Nesse caleidoscópio que é a vida.
Por isso, enquanto respiro não me permito morrer nas vivências, mesmo elas sendo as mais sofridas.
Pois não preciso antecipar a única verdade que sei me esperar no fim dos meus dias.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fofoca


Só se tem interesse na vida alheia quando a nossa vida não está muito interessante.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Vem Comigo



Vou viajar.
De mãos dadas com a minha alma, vou dar uma volta egoísta, só pensando em nós duas.
Vamos esquecer as misérias do mundo e vamos tratar de olhar mais de perto as nossas alegrias e as nossas próprias misérias encobertas pela rotina que esmaga.
Vamos passear, eu e ela e vamos poder escolher para onde e esse onde vai ser cheio de árvores e flores e sol e ruas iluminadas por lampiões onde sentaremos, ao barulho dos grilos da noite.
Sem ninguém seremos histórias genuínas, contadas sem medo de sermos mal interpretadas, pois sabemos que dizer tudo que fere e entristece, para nós, é apenas desabafo. Para o próximo é acusação velada.
E não vamos ter vergonha de dizer que estamos cansadas, mesmo sabendo que temos força para dar conta de tudo. Vamos entender que a força que usamos para erguer uma pedra não é a mesma que usamos para criar um desenho e que os braços cansam de fazer sempre os mesmos movimentos.
Então, vamos poder chorar choros bobos e rir risos altos e dizer o quanto nos achamos bonitas e feias, completas e inacabadas e como podemos ser gigantes, mesmo depois de um dia em que fomos pequenas.
E depois de tudo, de conhecermos cada lampejo no olhar, cada sinal que emana felicidade ou tristeza, vamos embora.
Tendo nos dado a chance de sermos nós mesmas é que estaremos prontas para voltar para casa.
Porque saberemos quando for a hora antes que ela chegue e não precisaremos mais fazer as malas.

domingo, 28 de outubro de 2012

Prova


Não me diga como viver. Apenas me ajude. Como colega, parceiro, amigo. Nesta grande sala de aula que é a vida e na qual ninguém é mestre.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sem Ar


Porque eu me sinto afogar, de vez em quando.
Não de água, mas do excesso de ar que tenho que respirar e que vem cheio de tantas outras coisas.
Porque se inala a vida inteira, sem arestas, sem cortes nas partes feias.
Vem o pó misturado com o o aroma adocicado do orvalho de cada manhã.
E eu quero respirar muito porque afinal a vida é curta e cada cheiro, cada pedaço de mundo, cada reentrância de galhos de eucalipto são oxigênio que prolongam a minha vontade de sentir.
De existir.
Mas como pessoa que vê o mar e se atira nele inteira, pois ele convida e pede a entrega, fico resfolegando gotas que me são tão belas quanto perigosas.
Porque quem nasceu pra sentir cada grama de existência, tem as pernas fortes para poder se sustentar na difícil tarefa de enxergar a vida de frente.
Pura, forte, violenta, linda, intensa.
Sem filtros, sem nada.
Como água de represa que tem suas comportas abertas.
Como água que vem para lavar, purificar, afogar.
Mas água que é ar.
E que mata para fazer renascer uma vida mais plena daquela que sucumbiu.

Flor Cultivada


Sendo feliz, sou alvo fácil das más intenções.
Porque aquilo que não vibra, não emana, não ondula, não dá sinal de vida, passa imperceptível às garras afiadas da inveja.
Cada pedaço de alegria estampado feito recorte na minha fisionomia, atraí dardos perdidos na névoa cinza de frustrações.
Pois felicidade cega os olhos cansados, com sua imensa luz.
É isca que se remexe alheia aos dentes vorazes que jamais se satisfazem na intenção de roubar algo que nunca será seu.
Porque existir com prazer não é coisa que se adquire com força, com desespero, com ameaças.
É semente que bem cuidada vira flor.
A única que não pode ser vendida, trocada ou roubada.

Sopro


Que eu seja chama para iluminar a penumbra das esquinas desconhecidas.
E que cada sopro alheio seja intenção tardia na luz dos meus passos.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mais um Canto


Através de minhas mãos salvou-se um pássaro.
Me sinto tão grande com o pequeno gesto.
Pois sou gigante em terra de tantas coisas vãs, garantindo à vida mais um canto.
Um canto de Sabiá.

O Afiador de Facas


Bem-vindo afiador de facas com seu apito doce que me pega no colo e me leva de volta à infância.
Te olho da janela e meu coração se enche de uma saudade colorida e leve, feito algodão doce.
Teu caminhar lento ao lado da antiga bicicleta, abre de leve uma porta na minha maturidade e me faz relembrar um pátio de avô, onde as parreiras eram repletas e perfumadas no verão. Uvas brancas e vermelhas anunciavam as tão queridas férias que já dobravam a esquina da Rua Mariland.
Cada lembrança do cheiro de piscina, Natal, praia, brincadeiras ao ar livre e joelhos feridos de tombos, me são ar e esperança na crença de que mesmo o mundo não sendo perfeito, podemos, na pureza das boas vontades, fazê-lo lugar de alegrias passageiras nas asas do tempo que voa.
Alegrias perenes no descanso de nossa alma.

 

Alma Lua




Que a minha alma nunca seja livro aberto.
Mas céu estrelado com milhares de luzinhas de mistério.
Que seja Lua que se descortina e se desnuda no momento certo.
Que seja surpresa e mudança.
Que me dê um pouco de mim a cada manhã, mas não tudo, não com pressa.
Que nesta vida eu nunca a entenda, nunca a considere completa.
Pois quero ser parte do que mais venero, que é aquilo que menos compreendo.
Pois não compreender as estrelas, nem os mistérios profundos do mundo, não os faz menos belos.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Quadro


A melhor forma de viver é aceitando-se.
Não apenas aceitando que se tem menos qualidades do que se gostaria, mas aceitando cada pequeno detalhe.
A singularidade é citada em poemas e crônicas, mas difícil mesmo é colocá-la em prática. Porque somos bando que tenta caminhar na mesma direção, mesmo que enclausurados em suas bolhas de individualismo.
Um individualismo mais egoísta do que individual, pois na hora de repetir padrões, somos craques.
Não podemos querer  aquele monte de crianças correndo pela casa em meio ao cheirinho de pão assado, se não nos encanta a maternidade e a vida doméstica. Não dá para querer para si a vida de terninhos bem cortados e viagens a trabalho, se gostamos de cuidar de cada florzinha nova que nasce no nosso jardim.
As vivências não são como quadros bonitos de se ver e interessantes de se ter.
Cada um escolhe ter o seu próprio quadro e ele sempre se diferenciará dos outros.
Pintamos as alegrias com as nossas cores e pincéis, construindo um cenário nosso.
Cada pedacinho de tela que for criado terá a assinatura da nossa alma e é brutal e triste querermos compará-los aos de outrem.
Não é nada aconselhável irmos ao cabeleireiro agarrados à um recorte de revista para servir de modelo (exceto quando se trata de mera direção ilustrativa). E esse é o exemplo mais singelo de que a tentativa vã de querermos imitar tudo que nos parece bom, é uma forma superficial de adquirir uma alegria que não é a nossa. E que não tem a nossa cara.
Plenitude e felicidade andam abraçadas com a aceitação.
Aceitação de que mesmo que as outras obras, possam, vez ou outra, parecerem mais bonitas do que a nossa, todos nós carregamos arranhões, traços trêmulos e algumas nuances nem tão radiantes, mas perfeitas para a parede da nossa vida.

Destino


As viagens que mais faço são através das minhas palavras.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Vazio


Não devemos correr tanto atrás de coisas, pois podemos, no final, descobrir que corríamos atrás do vento.

sábado, 20 de outubro de 2012

Minhas Asas


Deus me deu asas, mas sou eu que escolho quando abri-las.

Futuro


Se eu for o amanhã que eu seja doce.
Se eu for sonho, que seja mágico, iluminado.
Se eu for melodia que seja para amolecer corações, suavizar palavras, tranquilizar almas.
Se eu for sentimento que eu seja o otimismo.
Porque eu sou o hoje e posso escolher o que quero ser, sendo o futuro.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Aquarela


Sou de verdades inteiras.
Me entrego ao que sinto, mesmo que esse sentir possa mudar rapidamente de tom.
Quando meu mundo é azul, mergulho na imensidão de todos os azuis, respiro cada nuance, cada pequeno pingo azulado e esqueço das outras cores.
Bebo o vermelho e me torno escarlate, cavalgando em campos de flores encarnadas, com o sol se pondo rubro e denso.
No verde mergulho inteira e nado lenta em oceanos de tranquilidade, onde sereias me acenam e tudo se torna possível e fácil.
Quando cinza, viro cápsula que vê, mas não sente o ar que respira.
E nas minhas viagens pelo arco-íris da vida, venero e idolatro cada cor que me desenho.
Pois ela passa a ser única, verdadeira e intensa até que de outra cor eu me preencha.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Minha História


Deixe eu mergulhar nas minhas lembranças e buscar os tesouros perdidos dentro de mim. Pois me habituei a ser o que sou e esqueço o quão longe cheguei.
Porque já trilhei desertos áridos, já escalei montanhas íngremes e nadei em mares revoltos e sobrevivi.
Não aqueles desertos dos livros, nem montanhas das fotos, tampouco oceanos dos filmes, mas os que fizeram eu sofrer de sede, de frio e de medo no meu próprio enredo, escrito por mim.

São essas lembranças que me trazem a consciência de que posso querer tudo, pois se consegui não acreditando tanto, reconhecendo o meu merecimento, posso escrever um futuro.
Sem tesouros perdidos, mas com conquistas encravadas no meu escudo da fé.

Precisa-se de Amigos


Que os amigos possam nos perguntar como estamos, fora da correria do dia a dia, olhando nos  nossos olhos e segurando nossas mãos.
Que mesmo eles não sendo nossa vida, se interessem por ela e nos convidem para trocar alegrias e amparar tristezas.
Que eles possam nos estender a mão, mas sem manter o braço encolhido.
Que possam subir ao nosso lado, os degraus de nossa existência e nos abraçar quando sentirem que estamos cansados.
Que saibam que os problemas não tem peso, nem tamanho e que cada um carrega o seu na medida exata para lhe tirar o sono.
Que nos ajudem sem esperar nada em troca e que saibam que seremos o mesmo por eles.
Precisa-se de amigos.
Não desses utilitários, mas os de coração, os de alma.
Os de verdade.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Presente


Quando tu me vês assim, embalagem florida, laço envernizado a enfeitar o papel bonito, me julgas presente bom de ganhar, mesmo eu sendo pecinha miúda, frágil dentro de caixa grande, pronta para quebrar.
Quando tu me vês assim, com tanta falta de adorno, com poucos coloridos que alegram os olhos, sem purpurina, nem cartões de Origami,  não queres rasgar em pedaços o embrulho sem graça, pois temes o que vais encontrar.
Quando eu estiver apenas sendo o que sou sem papel, nem bonita nem feia, sem nada para cobrir minhas alegrias e minhas tristezas, apenas inteira, é nesta hora que vou querer que tu me recebas.

domingo, 14 de outubro de 2012

Verdade


A forma mais sincera de ser é quando não se tem nada a perder.

Alimento


O alimento do corpo pode, vez ou outra, não ser apropriado, ele aguenta, se vira, se recupera, desde que não seja hábito. Porém a alma não é tão tolerante. Por isso não use a raiva, o rancor, o ódio, a inveja e o ressentimento como nutrientes do espírito - por menor que sejam as quantidades, o estrago é imenso e pode ser permanente.

Portas

 
Não force tanto as portas trancadas, na tentativa de sair. Olhe para o lado, para as outras escancaradas, a vista pode ser muito mais bonita lá fora.