terça-feira, 29 de abril de 2014

Facebook e Outras Formas de Aparecer


Vai dizer que esse Feicebukson não é tudo? Puxa, vemos fotos de amigos que não víamos há três décadas! Conversamos com eles, rimos. Descobrimos do que cada um gosta, o que cada um faz, como é a sua família, seu trabalho. Sim, tem exibicionismo, tem coisa chata, triste, horripilante, falsa, mas tem bichinho sendo encontrado, coisas muito engraçadas, reencontros, dicas, fotos lindas. Poesia, arte, história, política (para abrir os olhos, mesmo sendo um porre).
A geração Y não vive sem a vida digital e temos (nós, os velhos) que nos acostumar, aceitar e entender. E se entregar, para não ficar muito para trás.
Assim como nossos pais faziam conosco.
Ou não.
Mas saber de tudo, tão rápido e perto (virtualmente) é assustador.
E ótimo! 

Curvas


Se a vida fosse fácil
Não existiriam as conquistas.
A superação.
A busca. 
Os recordes.
As descobertas.
Se a vida fosse fácil
Não existiriam tantos poetas, músicos, artistas e escritores.
Não existiria o êxtase.
E a felicidade seria linear e suave.
Apenas.

sábado, 26 de abril de 2014

Minha Irmã


Essa é uma lacuna difícil de preencher.
Porque nascemos para pertencer aos que carregam um pouco do nosso sangue nas veias.
Mas nem sempre a teoria dá certo.
Porque no meio de toda essa teoria existem os professores.
E eles são muito experientes e hábeis na forma de conduzir.
Mas nem sempre têm um caráter reto.
Porque, vejam só, são humanos também e tendem à sucumbir à todos os tipos de neuroses que pertencem à raça que se encontra na ponta da cadeia alimentar.
Nós.
E essa lacuna teve centenas de palavras. Erradas. Centenas de tentativas de acerto, de escolher cada sílaba na intenção de que o texto ganhasse o seu significado.
Mas nunca ganhou.
Para deleite do professor.
Não o bom, mas o mau, que subjugando ganha força, vendo o erro alheio se torna forte e poderoso na sua concepção infeliz de ensinar. 
E existir.
E os alunos estão separados.Todos.
Porque alguns escolheram aceitar a doutrina torta.
Outros foram pelos caminhos ditos errados.
E todos foram julgados por má nota.
Porque um mau professor não constrói.
Mas se vê forte quando consegue na sua fraqueza exibir com orgulho as fraquezas dos outros.
E de ensinamento não sobra nada.
Apenas a força intensa de jamais ouvir quaisquer palavras de um professor assim.
Tão duro.
Tão errado.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Monstros Embaixo da Cama


Sou covarde.
Existem coisas das quais fujo para não sofrer mais do que já sofro com Essa Coisa Toda Louca que é a humanidade.
Postagens no Facebook de animais mutilados, pessoas doentes terminais, pessoas em acidentes, deleto sem ver. Porque preciso de uma certa dose de ignorância para poder fazer os meus pulmões funcionarem.
Evitei ao máximo falar, falar mesmo, não escrever (escrever dói mais quando se escreve sobre dor) sobre essa tragédia horripilante desse menino de nome tão lindo.
Certas coisas são difíceis demais de absorver e essa é uma delas.
Mas temos que enfrentar.
Antes de chegarmos à maturidade temos medo de tudo que realmente não nos põe em risco.
Monstros embaixo da cama, fantasmas, bruxas, vampiros, homem do saco.
Nessas horas de suor frio, protegidos por pilhas de cobertas, pensamos em uma única salvação: nossos pais.
Crescer dói demais.
Porque vemos que os monstros mais horripilantes não se escondem hipoteticamente embaixo da cama.
O monstro gera, procria e nos coloca perto.
E é duro demais reconhecer que o amor visceral possa falhar. 
Os monstros somos nós.
E digo nós, pois com amargura aceito que pertenço à essaespécie bizarra que é capaz de fazer sofrer e matar o fruto de suas próprias entranhas.
Essa espécie que esconde a feiura aterradora atrás de um óculos Ray Ban, de uma profissão honrada, de fotos sorridentes.
Esses monstros que não são verdes, não tem dentes pontiagudos, nem olhos vermelhos, mas estão cobertos pelo verniz traiçoeiro de uma vida normal.
Quando me deparo com toda essa imundície, menino de nome bonito, penso erroneamente que escapastes menos contaminado dessa podridão toda, pois ainda eras ingênuo.
Mas então me dou conta de que essa fuga solitária e dolorida não deveria ter sido tua.
Mas desses que te fizeram partir.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Caminho


Ele se desmanchava feito papel que queima e se iluminava com a luz.
De certas lembranças.
Na fragilidade dos seus pedaços e na grandiosidade da sua chama.
Aprendeu a se desmanchar para poder se iluminar.

domingo, 20 de abril de 2014

Qual é a sua maneira de respirar?


Sou especialista em sobrevivência emocional.
Ganho pouco dinheiro, mas poderia me alimentar (ao menos) com meus ganhos e o resto eu sei que daria um jeito se de repente me visse perdida pelo mundo.
Porque sempre dei.
Arranjo uma maneira de ser feliz. Sempre.
Meu desespero e minha tristeza não sobrevivem mais do que 48 horas. Morrem mal nutridos.
Quando eu passava por vários infortúnios em um passado longínquo, me imaginava na guerra. Na guerra de verdade, com tiros, crueldade, fome, privações, infelicidade. O que poderia ser pior do que tudo aquilo? Morrer e não poder ter mais uma réstia de esperança, uma ideia de futuro.
Depois de tantos exercícios de resistência, me tornei mestre em tolerância. Comigo, com os outros, com a circunstâncias.
Tive que desenvolver um método eficaz contra a super sensibilidade que tenho. Aquela que me faz questionar o mundo, as pessoas, chorar por bebês, crianças, animais, injustiças, atrocidades.
Quando estou tão curvada que meus ombros quase arrastam no chão, meus olhos embaçam de tantas lágrimas, meu coração aperta de tanta coisa, trato de fazer algo que me puxe pelos braços do abismo negro da negatividade.
E tem tantas alternativas...
Nossas boas lembranças, cheiros. As nuvens, os pássaros (que labutam todos os dias, mas não dormem sem comer). As ondas. O suor, a batida forte do coração. Um abraço apertado em um filho (mesmo que ele não goste de dar), assistir às estripulias dos cães, olhar para a ponta de um Eucalipto contra o azul do céu. Encher o corpo de creme cheiroso, beber um vinho olhando para as estrelas. Deitar no sol. Café com as amigas. Boa música.
Cada um tem o seu Kit de sobrevivência emocional.
É só lembrar o que fez você estar aqui até hoje, querendo.
Porque querer é o primeiro sinal de vida. Querer comer, beber, sentir conforto.
Respirar.
E se estamos ainda resilientes nessa vontade, significa que somos muio mais fortes do que imaginamos.
Você é.
Eu sou.
Porque jamais desisto de ser feliz.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Errata


Aos poucos que me leem, peço perdão pelor meus erros gramaticais e por ofender (sempre sem intenção) à quem quer que seja. 
Quanto aos erros, é realmente muito difícil corrigir um texto criado por mim. Quando eu trabalhava com revistas tinha o privilégio de ter um revisor à minha disposição, pois muitas vezes o meu cérebro não enxerga as minhas próprias falhas (pertinente?).
Quanto às ofensas, sinto muito. O nome do blog já foi escolhido à dedo, pois cada palavra nasce na alma, vai à cabeça e se torna texto. E como ser humano sou cheia de defeitos.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Liberdade existe?


Esses dias conversei com uma amiga e saí mais ou menos demolida da conversa.
O motivo? Ela me fez enxergar o quanto eu sou aprisionada. Não vou entrar na minha questão e no meu tipo de prisão, mas levantar um assunto muito difícil, ao meu ver, de ser definido: o que é realmente ser livre? 
Ter independência financeira? Emocional? Física? 
Pago as minhas contas, sou livre.
Não dependo de mais ninguém para ser feliz, sou livre.
Não me drogo, não fumo, não bebo, sou livre.
Não estou atrás das grades, sou livre.
Para mim, o ser realmente livre é aquele que vive longe de qualquer tipo de convenção.
Aquele ser poético, filosófico que não vê nos estudos, na carreira, no casamento, nas amizades um fim, mas uma razão para chegar o mais próximo possível da felicidade.
E a felicidade é algo ainda mais difícil de ser definido do que a liberdade.
Se não formos esse ser quase etéreo, se nos submetermos - por menor que seja a submissão, até ocultar os nossos segredos por medo da não aceitação - já não somos livres.
A sociedade não aceita muitas coisas: falta de dinheiro, excesso de peso, infidelidade, vícios, homossexualismo, pilantragem (na teoria, claro) e só seríamos realmente livres se nos lixássemos para a sociedade, certo? Só que isso não existe.
Barganhamos o tempo inteiro no intuito de nos sentirmos confortáveis nessa passagem pelo mundo. Nessa afirmação de sermos humanos no meio de tantos humanos.
E conforto é algo também difícil de ser definido.
Muitos se sentem em casa enfrentando as marolas em um barco (eu fujo, sem deixar rastros), outros adormecem feito bebês em uma viagem longa de avião. Vários preferem  o amor, outros o dinheiro, tantos as conquistas, os prêmios, o status. Alguns, deitar em uma grama verde. Transar com amor, transar pagando,  transar sem compromisso. E tudo, absolutamente tudo tem perdas e ganhos.
E nessa bola viva de sentimentos, percepções, satisfações e deveres, o mais livre é o que segue com mais fidelidade o roteiro que escreveu para si. Aquele que não é todo flores, nem todo aridez, nem todo pobreza, nem todo riqueza. Mas uma história com a nossa cara.
Mesmo que ela não seja  a cara de mais ninguém.

domingo, 13 de abril de 2014

Emergência


Alguém com náuseas não pode controlar o vômito. Quem convalesce se vê diante da incapacidade de controlar seus sintomas. Eles terão o tempo certo para desaparecer. Por isso, não devemos julgar quem convalesce de alguma doença da alma. Suas atitudes podem ser desagradáveis e tendem à desaparecer com o remédio certo. E o que passa pela cabeça e o coração é muito mais difícil de diagnosticar. Os remédios são raros, mas sempre tem amor na sua fórmula.

sábado, 12 de abril de 2014

A Surpresa da Farmácia


Frequento a Panvel da Wenceslau Escobar por ser uma das filiais - na zona sul - que tem o melhor atendimento e as menores filas.
Há um mês tive uma grata surpresa, uma surpresa que continua lá e apesar de não me surpreender mais, ainda me encanta.
Depois de ser atendida no balcão, chegando ao caixa fui recebida por um rapaz gentilíssimo, ágil, educado e simpático. Algo nada normal no atendimento prestado aos pobres clientes da nossa cidade, que tem que conviver com as caras emburradas dos atendentes que trabalham como se não recebessem remuneração.
Mas essa surpresa não era A Surpresa.
A que me arrebatou foi o fato do rapaz não possuir braços, porém pequenos membros com uma terminação parecida com um dedo. O comprimento dos seus "braços" não chegavam ao cotovelo de uma pessoa normal. Mas o sorriso e a boa vontade ultrapassavam qualquer medida padrão.
Recolheu cada pequena mercadoria na bancada, inclinando o corpo para frente. Recebeu o meu cartão, embrulhou, digitou, tudo com destreza. E muita boa vontade.
Foi então que a minha mente começou a borbulhar.
Por que ao invés de eu me comportar como uma adulta civilizada, fingindo estar diante da coisa mais trivial do mundo, não resgatei aquela criança inquieta que fica pulando e falando sem parar, dentro de mim?
Sim , porque todos os adultos civilizados fingiam não prestar a atenção ao pequeno defeito físico do rapaz, pois seria indelicado esboçar alguma reação.
Mas o rapaz e nós sabemos que não somos indiferentes à coisas diferentes e que seria muito mais honesto e bacana se deixássemos a nossa reação natural aflorar.
Uma criança faria o seguinte:
"Oi! (tempo grande encarando os movimentos do rapaz). O que houve com os seus braços? (sem malícia, nem ironia, apenas curiosidade). Que irado, você deve ter treinado muito para ficar assim tão rápido! O meu amigo tem uma perna diferente da outra e ....blá,blá,blá. Puxa, cara, legal te conhecer!"
Porque uma criança não tem preconceito, ela julga os seres humanos como sendo iguais, com as suas pequenas diferenças.
Uma criança reconheceria de longe um super herói que não veste capa, mas distribuí esperança ao acordar todas as manhãs e ir ao trabalho, mesmo enfrentando muito mais dificuldades do quem teve o privilégio de nascer livre de limitações.
Eu gostaria de dizer àquele jovem atendente que vejo mulheres com depressão por estarem ficando velhas. Adolescentes que não saem por se acharem gordas, pessoas que juram estarem passando por dificuldades quando encontram um obstáculo temporário em suas vidas.
Essas pessoas, faz tempo, me deixam para baixo.
E são esses heróis sem medalha que sempre me salvam dos vilões transbordantes de vaidade.
E fazem eu ir adiante, acreditando que tudo pode ser superado.
Exceto abdicar de viver.
E penso que ele deveria saber.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Homens só querem uma coisa...


Depois desta postagem eu tenho um grande risco de ser assassinada.
Deposta, largada, detonada, desmerecida.
Por um homem.
Mas vou fazer o que eles mais sabem fazer, se foder.
Em todos os sentidos que isso possa representar.
Eles amam esse verbo, de todo o coração.
No momento em que as suas mamães enxergaram aquela sublime espadinha na imagem da ecografia, entraram em deleite.
Porque ter uma espadinha no lugar de alguns sulcos e reentrâncias é o aval de poder, principalmente nos recônditos escondidos desse Brasilzinho com Z.
Eles se tocam aos dois anos de idade e a mamãe dá risinhos de lado.
Querem agarrar as menininhas do maternal e o papai fotografa.
Na adolescência saem para as viagens à Porto Seguro com o dito afiado, pronto para o embate, para orgulho dos progenitores.
No caso das meninas, é lástima, agouro. Foi feito trabalho pesado pra coitada sair tão soltinha.
Então vem a fase adulta.
Tudo gira em torno de foder com a outra...ou outro.
A maior espada é simbolo de conquistas, mas pode-se ter o maior bolso, a maior lábia, dá-se um jeito quando a imagem da ecografia criou dúvidas.
Uma moto maior, quem sabe.
Um super automóvel.
Ou uma super capacidade de subestimar o outro.
Outra, de preferência. Aquela que nasceu sem chaveirinho para sacudir, bonitinho.
Quer ter a melhor arma do mundo? Não dê para um cara desesperado para te comer. Você será a Rainha enquanto durar o seu estoque de Jogo Duro.
Você terá mais amigos que o Roberto Carlos, só no intuito de descobrir o que se esconde atrás dos véus da sua deliciosa amizade.
Mas quando as esperanças ruírem, não queira ver a Espada revoltada, carente, deprimida, rechaçada.
Não queira.
Seu intelecto será diminuído ao tamanho de uma ervilha e seu valor estará lá no ebay pronto para ser liquidado. As coisas que você sabia fazer tão bem...nossa... ficarão cheias de erros.
Porque a motivação dos homens nesse mundo é única.
Por um dia, dois anos, duas horas.
Claro, vem algumas coisas penduradas à vontade voraz da espadinha: família, trabalho, status, férias, remuneração, filhos.
Problemas.
E quando toda essa batalha estiver chegando ao fim, nada como, entre pensamentos de louvor, finalmente guardar na bainha a motivação de uma vida.
E guardar no coração a imensa medalha escrita:
"Eu fui foda".

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Salto Alto


I've been there.
É  que os americanos dizem quando sentem empatia com alguma situação ruim que alguém está passando.
Já estive lá, nessa situação caótica em que você está.
Mas que sapatos você estava usando?
Como assim?
Assim.
Os seus caminhos foram pontilhados de pedras pontiagudas em um momento em que, puxa, você estava descalço?
Ou deu aquela vontade danada de calçar as suas botas de alpinismo e casualmente apareceram alguns buracos no seu caminho?
Sempre foi mais fácil resolver o problema alheio do que o nosso, por que será?
Porque um filme de vida visto apenas através dos olhos e da interpretação livre dos fatos, se torna singelo, pueril, fácil de lidar e interpretar.
Mas nascemos com os pés descalços e nossos pais, professores, amores, afetos, amigos tratam de construir com esmero a nossa capacidade de construir calçados que nos darão suporte para os tantos solavancos e pisos instáveis.
E na maioria dos casos esses sapatos são frágeis e descartáveis.
E o que acontece depois é que se arruma um jeito de não sentir dor.
Pisando de leve.
Chutando obstáculos.
Não caminhando.
Correndo.
Tendo formas de massagear os pés, enquanto não se tem a fórmula de se ver livre da limitação que nos impede de avançar.
Cada um um tem um sapato.
E não devemos julgar quem nunca gostou de andar de salto.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Apaga Essas Mãos

Deite no chão.
Qualquer chão que permita ver o céu e que ele esteja livre das chuvas.
Somente por hoje.
Que ele esteja recortado pelas árvores e com as nuvens caminhando com pressa.
O Mundo é esse.
Deite em um chão macio de areia, de grama ou resistente como as calçadas que fomos nós quem fizemos.
Pense.
Peça.
Que o Mundo seja ele mesmo.
Peça.
Para Ele.
Que cuide do que foi feito.
Com amor.
De tudo que tem sido apagado com a borracha da crueldade. Da ganância.
Da incoerência.
Não pode restar um vazio branco depois de tanta beleza.
Não pode.
Mão perversas e ímpias não podem ter a permissão de rasurar uma obra tão profundamente linda.
Apaga essas mãos.
Pai.
Que rabiscam e borram o Teu desenho tão magnífico.
E impedem que os traços que se preenchem de cor e de vida se façam perenes.
Se façam o que vieram fazer.
Ser obra de arte.