sábado, 26 de maio de 2012

Cereja

Obrigada Deus por respirar. Não convalescer. Morar. Amar. Ser amada. Ter recursos para viver. O resto é a cereja do bolo.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mulher Antiga

Que situação a que vejo nos dias de hoje. Simplesmente os homens viraram as presas, os tributos. Na escassez da espécie e na rebeldia das mulheres, os machos estão com um comportamento tão peculiar que chega a me provocar o riso. Andam empolados, cheios de si - coisa de peça rara - loucos de amor e de orgulho por terem nascido com mais apetrechos. Em bando, então, nem se fala, parece desfile de puros sangue - o caminhar, o peito proeminente, a posição dos ombros de quem carrega prêmios, conquistas, louvores. Todo o jogo de cena que era das mulheres - disputadas na conquista árdua - virou coisa de homem. E todos sabem disso. As meninas se descabelam em seus saltos altíssimos, se acotovelam em suas micro saias, jogam as melenas para os lados e eles ficam, lá, bebericando com os amigos, em um canto repleto de testosterona. Quando lhes for conveniente, se for conveniente, eles bocejam, deixam o que é importante de lado e tratam de puxar a cordinha de alguma Bonequinha Fantoche, para que ela dance conforme a música requisitada. E lá vão elas, encurtar mais as saias e mexer mais os quadris, dizendo que é bom, é demais ser predadora,  sexo é fantástico e sentimento é coisa do passado. Tudo isso é moderno, é libertador, é direito feminino, mas continuo acreditando nas diferenças e o que cada uma representa dentro do seu próprio contexto. Ser livre é bom? É, mas gosto de ter uma porta aberta por um homem, uma conta paga, ser colocada do lado interno da calçada, servir mais do que ser servida, pois gosto de ser mulher e gostava muito de ser disputada, olhada com admiração, com um misto de "quero, mas será que consigo?". O jogo todo era , ao meu ver, muito mais bonito, pois o nosso cortejo era um demorado olho no olho, um sorrisinho discreto, uma "concidência" doce de encontros. Era uma troca esperançosa de telefones e um esperar (às vezes eterno) de um convite para um cinema ou um chopinho. Aí, quando aquele beijo acontecia, bom, era cheio de magia, de promessas, de felicidade. Perdeu-se a originalidade, a poesia e o romance em uma coisa tão bonita que é o despertar, o ensaio e o nascimento da paixão. Tudo virou "fast", virou "clic", virou "over". Adeus cavalheiros, até logo damas. Aqui jaz uma mulher antiga.

Anjos

Quando te vejo sujeita às falhas dos homens, sem nada poder fazer, pois és pequena, queria ser anjo para abrir minhas asas e te guardar em meu peito. Tua voz, que é apenas silêncio arredio, pulsa como grito nos meus ouvidos e percebo, nos teus diminutos gestos, a tua necessidade de ser salva. Quisera eu, carregar-te em meu colo, guardando-te em teu caminho, evitando os teus tombos. Quisera eu, poder punir teus agressores, te tornar invísivel aos teus inimigos, diminuir a tua dor de existir no mundo. Pois dói mais em mim ser testemunha muda do teu medo. Rasga minha alma em mil pedaços conhecer de longe o teu sofrimento e imaginar como a tua casa não é um lar. Não posso voar até ti e te livrar dos teus pesadelos, pois não sou anjo, mas posso me pôr de joelhos e pedir ao Meu Deus que te envie um exército deles para impedir o mal daquele que deveria te proteger, mas é quem macula a tua esperança de crescer.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Criança

Diferente das crianças de hoje, a criança que fui tinha muitas vontades, mas poucos poderes para fazer com que as mesmas acontecessem. Hoje, os papéis estão assustadoramente trocados e é muito comum vermos adultos subjugados por seres humanos com menos de trinta quilos. Eu, nascida na era da pouca democracia infantil, criava mecanismos de defesa quando meu espaço era invadido e formas de sedução na tentativa de conquistar algo desejado. Acredito que levamos pelo resto de nossas vidas esses mecanismos, se os mesmos nos trouxeram êxito. Se ficar doente ou machucado era a nossa única chance de obter um pouco mais de atenção, a doença ou o mal estar (mesmo que imaginado, aumentado ou inventado) será uma forma de barganha na hora de requisitarmos a atenção que julgamos menor do que gostaríamos. Eu costumava me isolar no meu próprio mundo - muitas vezes no escuro - para tentar fugir da tristeza. Como adulta, a tristeza me gera uma necessidade urgente de isolamento e, quanto maior, menos vontade tenho de dialogar. Era assim que eu lambia minhas próprias feridas e é assim que consigo cicatrizar as minhas decepções. Eu pedia pouco, por medo de ser inconviniente, por receio da rejeição e, quando pedia, era uma súplica cheia de culpa. Hoje, qualquer pedido me é difícil. Observe a criança que você foi. Lembre-se de como atraía atenção para si mesmo, de como despertava a aprovação dos seus pais, do que fazia para que eles se orgulhassem de você. Pense em como eram feitos os pedidos de favores, de desejos. Isso dirá muito sobre como você se relaciona com o mundo e com as pessoas e será um pequeno vislumbre do tipo de pais que você teve, pois cada mecanismo foi gerado pela forma como os mesmos se comportaram ao seu respeito. Se estivermos realizados com a criança que ainda habita em nós, ótimo. Se não, é hora de mudar.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Reinício

Que nossa semana seja o caminho em direção ao aconchego. Seja o início de novos passos, novos planos. Uma promessa de que faremos da segunda-feira, a linha de largada para pequenas conquistas e para a renovação da força que deixamos adormecida atrás da urgência das horas . Que saibamos que sempre existirá a relva verde para descansarmos e aquela casinha construída por nós mesmos, dentro do peito, com as portas abertas, o cheirinho de Vida Nossa e o fogo aceso.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Nós

É inútil querer te envolver em abraços, quando é com tua voz que demonstras teu amor. Posso eu precisar de afagos que me são alimento, mas teu olhar já conforta minha alma, me deixa em sossego. Sei que fazemos bem um ao outro apenas pelo descanso do teu corpo perto do meu. Nossos gestos podem indicar nosso desejo, nossa tristeza, nossa alegria e nossa decepção. Quando ficas sem palavras, tua mão procura a minha e conheço cada significado na intensidade com que ela entrelaça nossos dedos. E assim existimos em nossa linguagem tão diferente a cada dia e tão compreensível para quem escuta com o coração.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Malabaris

Sei que só tenho a agradecer por tudo que possuo. Mas muitas vezes, mais do que eu gostaria, me pego um tanto cansada da vida. Cansada dessa correria para todos os lados, sem sabermos exatamente para aonde estamos indo. É terrível o que vou dizer, e por isso rogo que eu seja perdoada em meus devaneios, mas a vida me parece longa demais. Curta demais para tantas coisas, como poder ver os filhos e os netos nascendo, mas imensa na constatação de tantas tristezas que nos cercam. Deus me deu a capacidade de perceber tudo de belo que existe, mas com ela, veio o mesmo grau de percepção para a grande miséria do mundo. Somos como malabaristas e suas bolinhas voando no ar, tentando evitar que alguma caia. Uma ou outra, inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, cai e é preciso juntá-la e colocá-la novamente em movimento. E todo esse esforço na tentativa vã de manter tudo em equilíbrio me consome e me aflige. É uma visão melancólica do mundo e a melancolia tem o poder de tingir de cores fortes o cenário da existência. Cada contraste, seja ele belo ou feio me chega vivo, reluzente, poderoso, agressivo. Posso derramar lágrimas tanto por um céu estrelado como por um cão atropelado e a força dos sentimentos, mesmo ambivalentes, me invade na mesma intensidade o coração. E os contrastes do mundo são tantos e imensos que penso que minha mente não será capaz de se adaptar nunca, apesar de vir se adaptando por longos anos. Queremos ter dinheiro para podermos ter conforto e proporcionar conforto a quem amamos. Queremos ter sáude para podermos usufruir da vida, amor para ela poder ter sentido, paz para termos plenitude. Como diz o refrão de uma música: "a gente não quer só comida...". Queremos um trabalho digno, uma amigo que nos acalente a alma, notícias de que estão salvando o Planeta, anúncios de nascimentos bem sucedidos, exemplos de casamentos felizes, diálogo, compreensão, gentileza. Mas as bolinhas caem e eu tento sorrir enquanto as busco no chão.  As coloco lá em cima novamente e recomeço a fazê-las girar. Depois, saio escrevendo para poder tentar me suportar.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Tempestade

Gosto das tempestades. As da natureza e ponto. As da emoção, fico longe. Cresci em um lar cheio de trovoadas e raios emocionais, onde dois adultos confundiam falta de controle, excesso de rigidez e impulsividade com descendência genética. O que mais ouvi, por longos anos, foram justificativas infundadas a respeito do sangue quente do italiano e da dureza do alemão. Hoje, acredito que nada justifique explosões de raiva, ataques de fúria, irritabilidade exacerbada. A violência me assusta e ela não precisa chegar a níveis altos para eu considerá-la inaceitável. Tenho horror à ataques físicos e verbais e acredito ser o segundo, o de maior poder devastador. Alguém que vive maldizendo, sejam as companhias de fornecimento hidráulico, sejam as notícias dos jornais, seja o trânsito, sejam os contratempos, se torna uma pessoa amarga, cinza e passa a acinzentar todos os sentimentos ao redor. O irritado, se não cômico em sua fúria pessoal, se torna mal visto, mal amado, antipatizado. O louco do trânsito, o reclamão do supermercado, a mãe cheia de lamúrias e insatisfações domésticas, convertem-se em crianças birrentas, intransigentes e insuportáveis. A vida é cheia de contratempos e saber contorná-los com um sorriso no rosto, para mim, é quase uma obra de arte. Não nasci santa e já tive os meus maus momentos, mas se não consegui evitá-los, ao menos, tive que conviver com o gosto ruim do arrependimento. Vasos quebram, pneus furam, filas existem, luzes faltam. Maus motoristas circulam aos borbotões, mas não devemos encarar tudo como uma ofensa pessoal. Acredito que a maioria das pessoas não comete erros por vontade própria e destroçá-los quando pisam na bola (ou quando nem pisam, mas achamos que pisaram) só enfatiza a nossa prória inabilidade em lidar com a vida e a nossa infantilidade emocional. A raiva é um sentimento que existe, é inevitável, é humano. Quando bem administrada, ela nos empurra para frente, nos impulsiona. Quando descarregada em forma de tempestade, destrói muita coisa e muitas jamais conseguem ser reconstruídas.

sábado, 12 de maio de 2012

Três

Ouço o chamado e me encho de orgulho: "Mãe!". Tem tanta coisa nessa palavra que faz meu coração balançar. Para elas, apenas uma forma de me chamar, para mim a ignição de várias emoções mescladas, difundidas, confundidas, mas sempre bonitas. Algumas vezes, poucas, a urgência com que sou requisitada me deixa impaciente, mas quase sempre sorrio por fora e por dentro e pergunto a mim mesma: Sou eu quem chamam? Sou mãe, afinal? Como passei por tudo isso tão rápido, onde arranjei tamanha coragem para me motivar a gerar um outro ser humano? Como sobrevivi e mantive a lucidez diante das febres intensas, dos tombos sérios, dos pontos no rosto, do choro insistente e sem explicação? Como consegui, sozinha em casa, carregar, banhar, alimentar e cuidar de um serzinho frágil e indefeso? Como controlei o ímpeto de gritar por minha própria mãe e engoli o medo e o transformei em coragem? Sou eu esta heroína? Sim, sou eu. Somos nós. Somos nós com o maior desafio de todos. Com a vida pequena que nos é entregue nos braços para que zelemos por ela. Sou eu quem assiste à mutação linda e diária de meus bebês em jovens, de meus jovens em adultos. Pego uma antiga foto nas mãos e vejo uma quase criança com outra no colo. Não vejo o medo que eu sentia refletido nos meus olhos. Vejo determinação e alegria e aí entendo. Morri e renasci com o nascimento de minhas filhas. Morri única. Renasci três.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Animal


Por algum motivo que vocês ainda desconhecem, viemos a este mundo. Desde o princípio, caminhei junto à vocês na Terra, me desenvolvi, mudei, evoluí, me multipliquei em espécie, gênero, cores, tamanhos. Desde o princípio, corto os céus com minhas asas, marco o solo com meus membros, movimento as águas com minhas barbatanas. Quando tudo era diferente, nossa relação era como todas no nosso Planeta, onde alguns deixavam de viver em benefício da vida de outros. Alguns matavam a fome, outros morriam. Os oceanos eram cheios, as matas completas, a vida abundante, assim como o alimento. Mas tudo mudou. A vida se tornou difícil, pois em busca de algo que até vocês desconhecem, nosso mundo saiu perdendo. Eu saí perdendo. E vocês sairão perdendo. Sou abusado das mais diversas formas, sou coagido e impedido de continuar existindo onde me foi permitido existir, não por vocês, mas por Alguém. Por maior que seja esse delírio de imortalidade e infinitude que vocês tenham, estamos todos no mesmo caminho, porém, cada vez mais, meu caminho é sabotado, cortado, incendiado, destruído. Sou feliz com o que me foi dado. Só gostaria de continuar caminhando, nadando e voando neste imenso e lindo lugar. Mas vocês sempre querem mais. Não bastam algumas árvores, é preciso dizimar florestas. Não basta matar a fome, é preciso experimentar sabores infundados, exóticos que gerem sofrimento profundo. Não basta ter agasalho, é preciso matar, exibir, transbordar-se do orgulho que o poder dá. Deixei de caçar e ser caçado, para me tornar enfeite, adorno, experimento, marionete de circos e zoológicos, remédio afrodisíaco para lunáticos, troféu, escravo. Apesar de tudo, se vocês me permitissem viver em paz, eu apenas viveria, sem revanche, sem ódio. Por mais inteligente, teórica, científica e cética que seja sua espécie, a dúvida em relação a origem da vida permanece. E como a certeza da morte não é aceita, promovem toda essa matança desenfreada na ilusão de conseguirem tornar-se o que jamais entederão e serão: Um Criador.

terça-feira, 8 de maio de 2012

O Que Escolho

Um Agaporni de bico vermelho e penas coloridas enche o espaço com sua vozinha grasnada. As copas das árvores recortam e sublinham o céu azul de verde e, lá na pontinha do cipreste gigante, descansa uma águia de olhos atentos. O sol faz minha pele ficar com cheiro de terra mexida. Posso fazer um café cheiroso, espalhar no meu corpo um perfume, tomar um banho quente, ligar a música, se eu quiser. Posso levantar da cadeira e esticar os braços, pois os tenho. Tenho um corpo que posso pôr em movimento e fazer surgir de seus poros gotinhas salgadas de suor. Tenho uma infinidade de sabores para experimentar, de paisagens para ver, de coisas para sentir. O mundo me chega inteiro e me foi dada a chance de recebê-lo. Sou eu, quem escolhe como acolhê-lo nos braços. Pois, como filho, ele vem lindo e feio, fabuloso e imperfeito. Um mergulho no mar, um sono bom, um pão com manteiga, um sorriso são as pílulas mágicas que ingiro para continuar vivendo. Meus pensamentos navegam todos os oceanos, mas são dos calmos que me alimento. O futuro de minhas emoções não está escrito, mas nas minhas orações peço que a percepção que eu eu tenha da vida possa ser, às vezes doce, salgada, um pouco insossa, mas jamais azeda.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A Liberdade de Ser...Má?

Ha alguns dias, uma pessoa muito próxima de mim disparou: "Não te reconheço mais, estás mudada. Tu te tornastes uma pessoa má." Por incrível que possa parecer, este comentário me encheu de satisfação, pois finalmente consegui, depois de muitos anos, ser o que eu realmente sou e não representar uma cópia infantilizada de mim mesma. Muitas pessoas confundem paciência, tolerância, economia de palavras críticas e condescendência com fraqueza. E a fraqueza, também muitas vezes, é chamada de bondade. Odeio a palavra boazinha e toda  a carga emocional escondida nela. Se espera muito de uma pessoa boazinha e, ao mesmo tempo, muito pouco. Para essa pessoa em questão,  eu era boazinha quando, por amor e medo infantil de ser rejeitada, permitia ser tratada de uma forma que não me serve mais. A maturidade faz com que enxerguemos a vida como ela é, sem o véu da insegurança. Hoje, sei o que me serve ou não. E tudo que não me serve é dito e rejeitado. Não gosto que me mintam, portanto quando sei estarem mentido, reclamo. Não gosto que me manipulem e não permitirei ser manipulada. A lista é grande. É a minha lista. É ela que evita que eu me machuque em prol da felicidade alheia, porque se para ser feliz alguém precisa me machucar, esse alguém também não me serve mais. Pelo menos, como amigo. Para ele ou ela eu me tornei algo que ela nunca quis aceitar: madura, lúcida, ciente que coisas ocultas demoram para aparecer, mas aparecem. Me tornei uma mulher. E aos seus olhos, uma mulher má, pois a maldade é, neste caso, a liberdade outrora não permitida. Que ela seja muito bem vinda.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Amor ideal?

O bicho homem tem uma predileção por se auto sabotar. Seu sentimento destrutivo  o faz crer em teorias elaboradas por ele mesmo que só se encarregam de levá-lo a paranóia e infelicidade. Existem várias, mas uma dói mais: o amor ideal. Amar alguém é maravilhoso, é gratificante, é necessário, mas não é lindo. O amor - aqui falo de casais - dói, dá trabalho, exige força mental, cuidados, dedicação. Passado o momento de tesão desenfreado e paixão, quando as arestas vão se aparando e o outro começa a tomar forma real, tudo modifica e não é comum vermos borboletas voando enquanto o beijamos. O mais comum é o que não lemos nos romances, é não chegarmos ao clímax juntos, sorrindo e cansados, mas sim, cuidarmos do prazer um do outro para, assim, nos regogizarmos e podermos desfrutar do momento. Pois amar é isso. É sentir prazer na felicidade dele ou dela, é ter vontade de abraçar quando se sabe que nem é hora de abraço, mas nem por isso se magoar por abraçar sozinho. Amar de verdade tem dias ruins e outros horríveis também. Tem momentos em que se questiona, se cansa e se fantasia que poderia ter sido diferente, mas tudo isso é assim mesmo, pois essas fantasias e desilusões são parte nossa e de todos, mas nem por isso deixamos de amar. Costumamos ver a casa, o jardim, o carro, o emprego do outro e compararmos ao nosso. No amor não é diferente. Puxa, que casal unido, bonito, cheio de sintonia, vida social. Devem transar que nem loucos, nunca brigar, fazer um curso de culinária juntos, outro de dança e, à noite, devem rir e conversar em volta deu uma garrafa de vinho tinto. Sim, eles devem, em vários momentos, porém em outros, estão acordados por causa do ronco, estão discutindo contas a pagar, se estressando por causa dos filhos, tendo alguns ataques de ciúmes, forçando algumas situações, remoendo algumas mágoas. Estão cedendo, condescendendo, relevando, questionando. A vida não é perfeita, mesmo a gente insisitindo que deveia ser, então que, ao menos, estejamos preparados para as fissuras nos relacionamentos, pois o amor não é lindo, mas é ótimo  e nos mantêm vivos. Agora, depende de cada um, o grau de investimento que será feito para se criar um amor duradouro, pois, para muitos, é no eterno recomeço que a vida tem mais graça.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Procura-se

Procura-se um sonho. Daqueles lindos, bem coloridos, daqueles que temos lá pelos 17 anos. Um sonho que preencha o coração de calor e de alegria só na expectativa de que, um dia,  vá se realizar. Procura-se um sonho, mas não um sonho qualquer como mais dinheiro, mais trabalho, mais lazer, mais tempo. Um daqueles que temos quando temos muito tempo pela frente, quando temos nas mãos todas as ferramentas da vida para esculpirmos nosso futuro. Aqueles em que salvamos vidas, moramos na beira da praia e pescamos nosso peixe, encontramos a cura das doenças, damos a volta ao mundo em um barco, levantamos paredes de um orfanato e podemos olhar nosso nome em um quadro de florzinhas feito pelas crianças. Não tenho mais tempo para grandes sonhos. Mas posso fazer dos meus sonhos pequenos, motivos para voltar no tempo do meu coração e enchê-lo de calor e alegria, só na expectativa de que, um dia, poderão se realizar.