terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Thanks God It's Friday


Então na Segunda se abre um espumante e se dá uma cara de Sexta ao dia mais chato do mundo. Na terça, se sai para jantar com quem se ama e ela vira um Sábado gostoso. Na Quarta, um filminho no cinema, depois de um café com chocolate, perfumando um pouco o dia com cheirinho de Domingo. Na Quinta? Bom, se prepara para ser feliz Tudo de Novo, porque dá para respingar gosto de fim de semana e ser mais feliz sem dia marcado.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ensina-me a Sentir


O nosso coração é muito poderoso.
Quando algo cai dentro dele, quente, espalhando promessas que viram endorfinas e adrenalinas na nossa corrente sanguínea, nada nos segura.
Danem-se as estribeiras, o bom senso, os pensamentos argutos e responsáveis.
Queremos Aquilo e ponto final.
Então, Aquilo se mostra escorregadio entre os nossos dedos, estranho, diferente das expectativas.
Mas vamos adiante, pois talvez o preço de se jogar no mar de promessas, afinal, nos venha em forma de êxtase, sucesso, veias renovadas pelo sangue novo.
Então, os naufrágios deixam seus náufragos à deriva, com aquele gosto amargo de "eu sabia, mas por que não tentar?" na boca.
E portas se fecham.
De negócios que tanto sonhávamos ter, de amizades tão promissoras, de aventuras, viagens tão tentadoras.
De paixões cegas de racionalidade e fartas de desejo.
Mas faz parte.
Quando a nossa lojinha decorada com esmero se encerra, com certeza outras começam.
A paixão que nos fez correr riscos, perder a fome e o tempo, não foi assim tão digna, mas ao menos, foi experimentada.
E tudo vale.
O que não vale é viver com os receios de que tudo possa diferente do que esperamos.
Porque a maioria é.
Mas quando não é.
Meu Deus.
Nossa alma se enche de fogos de artifícios e explodimos por dentro.
No bom sentido.
E são dessas explosões que vivemos.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Bicho que Dorme


Nove quilômetros de corrida, na metade, cai o mundo em forma de água.
A roupa cola, os tênis encharcam, o boné (bendito boné) faz eu enxergar o próximo passo. Nem desvio das poças, caio nelas com prazer de criança levada. O suor vai sendo lavado. A alma também. Nada como tomar banho de chuva para perceber a nossa vulnerabilidade e acordar o bicho que dorme, mas que é o que nos faz realmente feliz.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

The End


Existem coisas das quais estamos muito familiarizados, das quais gostamos muito mas que, de repente, queremos distância.
Geralmente quando o momento é especial, fragilizado, delicado ou sofrido é que os sentimentos e as vontades dão um giro e se tornam o avesso de um lado que sempre foi o direito.
Nas gravidezes tudo o que eu sempre amei comer virou a antítese do sabor. 
Quando estou triste me recolho em um canto e sair para rua - algo que sou apaixonada - me enche de desânimo.
Tenho uma amiga à quem amo profundamente, mas que depois dela me colocar em muitas situações frágeis, delicadas e especiais, a sua voz passou a me causar arrepios e apesar de continuar a amando, a convivência se tornou insuportável para mim.
Penso que essa saturação amarga, essa ressaca de coisas e de pessoas é a resposta à um limite nosso não respeitado.
Depois de sofrer muito com as dores no meu pé, estou tendo um momento de timidez profunda em relação ao esporte que me dediquei mais do que todos: o tênis.
Mesmo sabendo que a corrida é muito mais prejudicial do que os pulinhos em quadra, me afastei da minha raquete ao ponto da minha bolsa criar pó, pendurada em um cabide na garagem.
Por que?
Nem eu sei.
As minhas tolerâncias infindáveis amanhecem em um ponto final e mal sei como tudo chegou à esse ponto.
Mas chegam.
E me assusto com os meus sentimentos decisivos, pois eles são definitivos enquanto duram.
Olho para a raqueteira de soslaio.
Sento para um café com a minha amiga e sinto ainda aquela felicidade inocente, mas não mais a mesma.
Ainda lembro do cheiro perfumado e doce do sabonete que eu amava, mas que me fazia vomitar quando estava grávida.
Penso que todos nós temos um limite imenso de "sims" ate que o "não" encerra, delimita e marca.
Mas quando o desejo de aceitar novamente voltar, ele pode até virar um "mais ou menos", mas nunca mais vai se parecer com o que era.

Veneno que Salva


São os momentos curvilíneos e incertos de uma certa dose de insanidade que me mantém sã. O problema é que a minha personalidade medida por réguas e esquadros não permite que eles aconteçam com frequência.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Quem é você, afinal?


Às vezes me falta tanta coisa,
Muitas vezes me sobra tantas outras.
O ar me é tão rarefeito quanto excessivamente leve e abundante.
Quero nada.
Quero tudo.
Amo tanto.
Tão pouco.
Me sinto pele.
Me sinto alma.
Sou mutante.
Sempre diferente.
E nunca vou parar de me expandir.
Recolher.
Pensar.
Que poderia ser diferente.
Ou sempre igual.
Sou viagem. Sou destino.
Não sei nada.
Sei tudo.
Mas, ao menos, sei que nada sou.
E sou muito.

Gêmeas


Dizem que a gente questiona a vida ao chegar aos cinquenta. Então, devo ter cinquenta anos desde que nasci, pois nunca, jamais, deixei de questionar todos os ângulos, traços, posições, atitudes, sentimentos e tudo que envolve viver. A inquietude é minha alma gêmea.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Mudanças


Eles estavam juntos.
Há muito tempo, há pouco tempo, o que importava?
Depois de querer não só dividir os abraços, os beijos, passaram a dividir as contas, os medos, as alegrias, a televisão, o banheiro.
Os cansaços.
Ela, mulher moderna, carregando a bigorna de chumbo do stress nas costas, essas coisas de mercado e competitividade que antes (nem tão antes, mas quem se importa?) eram destinadas somente aos portadores de testosterona.
Ele, professor particular de inglês, com horários mais flexíveis, agenda menos obsessiva. 
Juntos.
Um dia, depois dela enrijecer a coluna, acelerar o coração e criar vincos entre as sobrancelhas, de tanto remoer o futuro incerto, quando ele veio querer alguma coisa (ninguém sabe o que, mas quem se importa?) que faltava há algum tempo na linha macia que unia os dois, ela disse:
"Eu tenho os meus problemas, não tenho tempo para essas besteiras, tenho mais o que pensar."
E ele  viu que algo tinha mudado.
Pois os problemas , antes dos dois, agora  eram mantidos sob a tutela dela.
E com nome e posse, se tornavam concreto, parede que separa vidas e interesses.
Desde quando aquele monte de alegrias, incertezas, esperança, vontade de fazer feliz, choros, motivação, problemas, tinham se tornado de um só?
Ele não quis perguntar.
Pois tinha muito medo das respostas.
De ambos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Viver Vale a Pena


Contas, filhos pequenos, filhos crescidos.
Falta de emprego, muito trabalho.
Casamento como deve ser, com altos e baixos.
Família, política, problemas de saúde.
Eu estava pensando nessa existência humana, doída, bonita, mas sofrida, cheia de desafios diários.
Então resolvi ligar a televisão, algo incomum para mim que sou arisca à maior parte dos programas.
Coloquei no meu canal preferido, o History Channel.
Mergulhei, por sabe-se lá quanto tempo, no documentário que me caiu feito luva depois de remoer tantas dúvidas.
A vida linda, suprema, enebriante e dura dos oceanos.
A baleia Jubarte e seu bebê viajando por meses até o destino da fartura de Arenques. Ela sem se alimentar por todo esse tempo e ele mamando até quarenta mil litros de leite por dia. Colados, unidos contra as adversidades diversas, como as Orcas.
Leões marinhos na caça solitária e perigosa, tentando garantir o pão de cada dia, morrendo aos poucos pelas cabeçadas das baleias que são chamadas de assassinas, mas apenas tentam coexistir e sobreviver também nessa loucura que é tentar respirar.
As gaivotas que labutam os restos, os golfinhos e os próprios Arenques, que se reunindo no ato instintivo de se reproduzir e multiplicar, viram isca e fonte de vida para tantos outros.
Normalmente fico triste com essas cenas duras do mundo selvagem, mas me dei conta de que vivemos todos assim.
Porque as dores e perdas físicas desse mundo ainda intocado dos mares, são as nossas lágrimas emocionais.
A visão do leão marinho tentando respirar na superfície, depois de ser machucado diversas vezes e finalmente sucumbindo ao inevitável não me encheu de tristeza, pois em um momento de lucidez compreendi.
Nada aqui é fácil. 
Nada.
Ganhamos de um lado, perdemos de outro.
As gaivotas tem uma visão linda de cima, mas sobrevivem de restos.
O banquete das baleias demora seis meses para chegar.
Os golfinhos devem ser rápidos para poder usufruir.
Todos se arriscam, sofrem, se superam.
Nenhum questiona nem reclama.
Apenas usufruem quando lhes é dado, regozijam e se recolhem para curar suas próprias feridas.
E tudo começa de novo.
O sol reflete feito ouro na superfície da baleia alimentada, que caçou unida às outras e está com sua cria protegida nas barbatanas.
As gaivotas sacodem as asas úmidas e as secam na areia fina e branca de alguma praia.
Os leões marinhos levam a caça para as rochas, pois muitos aguardam.
As Orcas mergulham e se lançam para fora, girando. Quem sabe nenhum ser humano apareça hoje para levá-las para o circo ridículo e cruel dos parques aquáticos.
E todos tem apenas uma única chance nesse planeta.
E ninguém disse que seria fácil.
Mas todos sabem que vale a pena. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Quer Casar Comigo?


O casamento é a relação mais complicada que existe.
Explico.
Para começar, filhos, pais, tios e primos jamais serão ex. Marido pode ser.
Podemos nos relacionar melhor com o marido do que com todo o restante da lista, mas ele nunca, jamais, será parte do nosso DNA, mesmo sabendo mais coisas sobre nós do que todo esse grupo familiar reunido.
Pois é.
Maridos são odiados em um dia e amados no outro.
Ok, o restante da família também, mas ainda não terminei.
Podemos desistir de um marido.
De dois.
De três.
Parente não se troca. Se aceita. E filhos são os únicos que nunca pensamos na hipótese de trocar, mesmo desejando certas trocas de comportamento.
Agora, marido...esposa... 
Pensamos ser para sempre quando todas aquelas expectativas (infantis, maduras, surreais, saudáveis, doentes) nos são atendidas.
Para depois nos horrorizarmos e pegarmos a primeira BIC na mão, prontos para assinar o divórcio, quando todas as expectativas (infantis, maduras, surreais, saudáveis, doentes) não são atendidas.
Amamos o jeito.
Odiamos o jeito.
Estar casado é como embarcar em um elevador.
Vez ou outra apertamos certo botão e desembarcamos no porão, no terraço ou no conforto do primeiro andar. Estamos sujeitos à alguns solavancos e o excesso de peso pode ser perigoso: cada elevador só suporta os quilos para qual foi feito carregar.
O casamento.
Essa Montanha Russa tão gostosa quanto assustadora.
Essa batida de sentimentos que se mesclam e que, vez ou outra, nem sabemos mais de que é feita, mas o que interessa é a vontade persistente de beber.
Porque é tão bom, ruim, que só deixa de ser algo para ser nada quando não se tem mais para sentir.
Então, guardamos tudo no cantinho do coração e da memória.
E partimos para uma nova história.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Tem alguém ai?


As pessoas conversam muito pouco. E agem demais. Depois, quando todo aquele monte de ações se torna desnecessário sem conversa, elas necessitam de cascatas de diálogos. Mas a fonte que mantém forte a torrente de água não nasce da noite para o dia. Ela é cultivada de algum nascer que finalmente se sente livre para jorrar.

Libido


Nem músculos, dinheiro, comidas exóticas, palavras picantes. Quando o seu amor, marido, namorado, ficante, amante se disponibiliza a ser o seu melhor amigo, ele mal sabe, mas acabou de lhe dar o mais potente afrodisíaco.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Com Quem Você Dorme?


Jamais vou dormir sentindo raiva.
Ela pode virar uma torrente de lágrimas, de frustração, de desesperança.
Lágrimas que de manhã bem cedinho já estão secas e superadas.
Mas dormir com raiva envenena a alma.
Tenho poucas raivas, mas confesso que as tenho.
A falta de educação e a injustiça são alguns dos motivos dela brotar em mim feito mordidas de mosquito.
Mas antes de dormir dou trégua à tudo que me enraivece e mergulho na calmaria, mesmo que de madrugada eu ainda acorde tentando digerir aqueles caroços que custam a atravessar a minha garganta.
Posso ter sonhos pesados, mas o medo noturno não me ataca, pois deito com o coração aberto, depois de ter passado o dia inteiro conversando com o único que me julga e à quem entrego a minha alma às suas asas.
Já dormi tão excitada com as promessas do amanhã que a cada sobressalto eu degustava, insone, a expectativa que nem sempre condizia com o que eu esperava.
Já dormi nervosa, depois de tantos anos de formaturas, casamento, nascimentos, primeiro dia de emprego, de aula, dia de prova.
Já entreguei tantas coisas ao meu travesseiro que ele só não fala por medo de não dar conta de tantos pensamentos.
Mas raiva não.
Já não simpatizo muito com essa bichinha e ainda trazer ela para o meu canto sossegado?
Aquele em que suspiro quando endireito as costas que ficam meio pesadas com o peso desse mundinho doido?
Não, obrigada.
Prefiro dormir chorando, sorrindo, esperando, pensando.
E se amanhã eu me irritar novamente, vais ser uma irritação branda.
Porque eu não alimentei o rancor com o que ele mais gosta: insônia banhada em fantasias de vingança.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Presente Delicado


Me foram entregue.
Essas coisas todas que não compreendo, mas vieram embrulhadas e endereçadas àquela Vida que mora em tal endereço.
E casualmente era a minha.
O embrulho era bonito e só eu poderia saber o que fazer com o que estava dentro.
Mesmo não entendendo muito para o que servia.
Mas como eu estava com o coração bombando e minhas narinas aspirando o ar desse planeta neste exato momento, tratei de pegar no colo aquele presente.
Meio com medo.
Excitação.
Euforia.
Ansiedade.
E essa coisa linda, brilhante e pulsante me fez responsável.
Por tudo que a tornasse sempre polida.
Mas não era um paninho que lustrava a superfície fininha, delicada, densa, cheia de nuances.
E eu tive que descobrir como fazer reluzir esse material tão raro.
Muitas vezes fiquei braba com o remetente, chorei de decepção de ter nas mãos objeto tão delicado e complicado.
Quis devolver.
Quebrar.
Mas isso foi há muito tempo.
Quando eu ainda não sabia receber, pois não sabia dar.
Hoje ainda me surpreendo quando vejo certas fissuras que deixei passar.
Então, pego esse conteúdo que foi dado à minha Vida, no colo.
Olho cada arranhão.
Vejo que ele mudou de cor, de formato, mas ainda continua exato, como no dia em que me foi dado.
O acaricio, preencho as rachaduras com tudo o que tenho disponível.
E coloco no lugar.
Pois ele é meu.
Único.
Lindo.
Até o dia que se desmanchar.
E voltar a se reciclar.

Maré


As coisas sempre mudam, acredite! Para melhor ou pior e mais feliz é quem aceita essas mudanças, se modificando, se adaptando e navegando, surfando na maré de marolas ou ondas agressivas.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A Dor Salva


A dor tem que ensinar.
Porque tudo de ruim ensina.
Venho aprendendo com as dores há muito tempo.
As de corpo e de alma.
Quando me sentia feia e me chamavam de gordinha na faculdade, quando olhava para o lado e nunca via o meu pai, pois ele batia as suas asas nos ares, dentro de algum avião, quando eu queria entender da vida e perguntando à minha mãe não tinha respostas, pois eu era criança e criança era um pouco desinteressante.
Quando caí de uma árvore e desmaiada só o meu amigo se importou.
Quando tive a minha primeira filha e quem eu mais queria ao meu lado não podia abdicar das férias de verão.
Fiquei tão forte e densa depois de tanta coisa que nunca mais nada me derrubou. 
Me balançam, me agitam, me curvam, me esticam feito elástico, mas jamais me arrebentam.
As dores do meu pé me deram um certo trabalho desde o ano passado, me mostrando que o vigor e o fôlego podem persistir com a idade, mas o corpo vai pedindo trégua.
Não me desesperei, apesar de sofrer, pois tem tanta coisa em jogo.
O bem estar, a conscientização de avanço da idade e, portanto, finitude. Os limites que a vida impõe e como ela nos mostra o que sempre queremos negar até o último respirar.
Não, a dor me fez gostar de sentir o vento, sentada no banco de uma bicicleta.
Me fez enxergar o valor da moderação, da resiliência, da aceitação, não comodidade.

A dor é tão importante quanto a felicidade.
Pois a dor talha enquanto a felicidade gratifica, mas mima.
A dor prepara, fortifica, esculpe a capacidade de ser feliz, de tolerar as batalhas sem chorar as derrotas.
A dor é remédio para a alma fraca.
E mesmo em grandes doses, nunca vi ela matar.